sexta-feira, 20 de abril de 2007

Maria Teresa Dias Furtado, Maria do Sameiro Barroso e Cláudio Lima


Maria Teresa Dias Furtado, Maria do Sameiro Barroso e Cláudio Lima
Maria do Sameiro Barroso, Maria Teresa Dias Furtado e Cláudio Lima proporcionaram ontem à noite, na Feira do Livro de Braga, um encontro de poesia, e sobre poesia, extraordinariamente belo.Num certame que, infelizmente, peca pela má organização, os três poetas deliciaram o auditório com intervenções pessoalíssimas no envolvimento com a poesia e partilhando poemas dos seus livros mais recentes.Nota de relevo, aliás, foi precisamente o lançamento de dois novos títulos, ‘Amantes da Neblina’ de Maria do Sameiro Barroso e ‘Livro de Ritmos’ de Maria Teresa Dias Furtado, ambos publicados pela Labirinto, editora muito elogiada pela autora de ‘Meandros Translúcidos’, que considerou uma ‘família de escritores’.Apesar da notada ausência de um moderador na mesa, os três autores abordaram notavelmente as potencialidades linguístico-literárias do texto poético, uma ‘confluência de linguagens’ no dizer de Maria do Sameiro Barroso, poetisa que confessou também a absoluta necessidade do belo para a sua sobrevivência.E porque ‘o poeta é um devedor’, disse-o humoristicamente Maria Teresa Dias Furtado, o leitor é-o duas vezes: pela dívida para com o escritor, pela dívida consigo próprio. As duas pagar-se-ão com a procura da palavra. (...)Partilhar o inefável, eis sem dúvida o toque de mestria dos poetas. Assim o fizeram Cláudio Lima, Maria Teresa Dias Furtado e Maria do Sameiro Barroso.

in blog de João Ricardo Lopes

quarta-feira, 18 de abril de 2007

CAPRICHO 43

CAPRICHO 43, última obra da "trilogia da experiência"


A terceira obra da trilogia da experiência de Carlos Vaz será apresenta na próxima quarta-feira, dia 18, pelas 21h30m, na Feira do Livro de Braga

Com Capricho 43, Carlos Vaz recebeu recentemente o prémio da literatura António Paulouro, e é, segundo o mesmo, a última obra da Trilogia da Experiência (juntamente com Seres de Rã e A Casa de Al’isse). Como o nome indica, a trilogia denomina-se desta forma, por nas obras referidas o autor procurar gerar novas experiências de leitura através de encontros com personalidades reais ou imaginárias. Na obra Capricho 43, Carlos Vaz procurou, desta vez, originar experiências com o encontro da série Caprichos, de Goya, principalmente com aquela que é intitulada de Capricho 43 e que deu origem ao título da obra. Por razões que têm a ver com este desenho, o autor confessou-nos que, de início, o livro estaria para se chamar O Sonho da Razão Produz Monstros. Na verdade esta é a verdadeira fórmula de leitura para todo o enredo da obra. Logo nas primeiras páginas do livro, o texto dá-se ao diálogo com o seu leitor, sugerindo que este prenda, à ponta do dedo, o fio de todo o enredo da obra, para que assim não se perca ao longo da viagem e dos estranhos encontros com Goya. Para além deste pintor, encontramos experiências causadas pelo texto quer originadas pelo prisma que Isaac Newton traz para a história, quer com o aparecimento final da figura mitológica de duas caras, Janus. Estranhamente, o fio é desenrolado à medida que avançamos na obra e embarcamos num pesado tanque de cimento com a figura materna, e ao mesmo tempo de conforto, em toda a obra, a Mãe.

Segundo a autora do posfácio, Maria Teresa Dias Furtado:


O romance Capricho 43, de Carlos Vaz, é um texto surpreendente, muito original, inovador e rico em conteúdo (…)
Estamos perante um texto em movimento, por vezes alucinante. O tanque onde a mãe lava roupa torna-se barco, nele embarcam mãe e filho, Goya e Newton. O narrador tem consciência explícita de que há um movimento textual, algo que acontece para além do real quotidiano, para depois a este regressar na parte final, em que se explicitam ilações acerca do que aconteceu até então (…)
Mas, independentemente destes suportes literários, Carlos Vaz ata os seus próprios nós no fio que escolhe, dialoga com as “cabeças” convocadas para a sua viagem textual, longe e perto do mundo, unindo razão e sonho, “arquitectando ilhas” com pontes de sentido entre si. A busca é textual, mas o mundo fica enriquecido.


Para além do posfácio de Maria Teresa Dias Furtado, a obra Capricho 43 conta ainda com um trabalho de capa do pintor Júlio Cunha.

texto de Ana Nunes

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Feira do Livro de Braga

terça-feira, pelas 21h30m, na feira do livro de Braga, apresentação da obra "Livros de Ritmos" de Maria Teresa Furtado e "Amantes da Neblina" de Maria do Sameiro Barroso

terça-feira, 3 de abril de 2007

Cecilia Bartoli

a verdade é que o timbre de uma voz ganha corpo como um rosto ou como um nome, e facilmente o identificamos, por entre muitos outros ruídos de nosso quotidiano. O som produzido pelos dois músculos do tíreo-aritenóideo, nem sempre surgem como uma necessidade do humano comunicar, etc. Falo-vos da voz cujo intuito é en(cantar). Este som produzido pela voz, que é gerado pela saída de ar do pulmões, fazendo as pregas vocais vibrarem, quando procuram igualar a música produzida pela natureza, torna-se um verdadeiro instrumento supra-humano.
Há coisa de cinco anos atrás, Catarina ofereceu-me aquela que viria a ser uma das minhas óperas favoritas, a ópera Orfeo ed Eurídice de Haydn (não confundir com a de Gluck). Nesta peça de estrema beleza, Cecília Bartoli, com o papel de Eurídice, contracena com Uwe Heilmann, Orfeo, e Ildebrando D’Arcangelo, Creonte.
A voz de Bartoli ocupou imediatamente o devido espaço na minha memória sonora. De lá para cá, esta voz única enche os espaços vazios da casa com movimentos sonoros, porque o som move-se, e o prazer está exactamente no saber visualizar por onde o faz e que caminhos atravessa. Tornei-me fã desta meio-soprano, que supera qualquer timbre alguma vez produzido por outra voz humana. Nos últimos dias, cá em casa tenho revisitado muitos dos espaços musicais de Bartoli. A música é escutada nas alturas ao ponto de fazer tremer os objectos. Da casa física passou para a casa dos sonhos do sono.
Surgiu então a ideia de partilhar a voz, dedicando-lhe uma pequena “temporada”


breve anotação: de um modo geral os blogs têm recorrido muito ao vídeos do youtube, a verdade é que já não tenho muita paciência, por isso recorro pouco a este instrumento, mas por achar que esta actuação de Bartoli é, na verdade, um trabalho único, peço-vos que a visualizem até ao fim. Trata-se de um exercício de clamor imperdível, um exemplo singular de que a voz pode ser, também ela, um instrumento supra-humano

para ler: blog de Carlos Vaz

In Memorian

Padre Joaquim Flores

São poucas as palavras que nos levam às vezes à memória daqueles que de um momento para o outro nos abandonam. Ainda assim, é justo recordar a amizade e o valor desses rostos com quem nos cruzámos e de quem amiúde tirámos lições importantes, exemplos de pioneirismo e de coragem também.Conheci o Padre Flores quando leccionei na Escola de Revelhe pela primeira vez, em 2001. Homem sisudo e rude, com falas medidas, avaliando-me logo ali na entrada do edifício principal quando me fui apresentar, mas também logo ali abrindo o universo da escola, o cunho humano de cada canteiro impecavelmente tratado, a face muito limpa das paredes do edifício, o carácter animoso dos alunos da sua E. B. 2, 3.Com o tempo tornou-se-me claro que a liderança de Joaquim Flores se baseava no empreendedorismo e na forte convicção de que era absolutamente vital contrariar o destino traçado (frustrante) das crianças originárias de algumas das freguesias mais isoladas do Concelho. Era preciso bater em pedra e traduzir métodos eventualmente urbanos para métodos eficazes de trabalho. Custou-me muito, fui dos que num primeiro momento antipatizaram com a figura do Presidente do Conselho Executivo.Porém, tive a oportunidade de regressar à escola anos depois, em 2003. Voltei a apresentar-me, de novo senti o constrangimento de ir ao gabinete do Presidente, mas percebi também que algo havia mudado, sobretudo no trato pessoal. Havia já uma espécie de afectividade que aos poucos se me foi revelando. De resto, só a limpeza da escola e o aprumo dos jardins permaneciam iguais. Trabalhei com colegas e amigos criativos, entre os quais o Ricardo Cunha, o Aureliano Barata, o José Oliveira e a Alexandra Cunha, senti uma camaradagem inusitada, várias vezes conversei também com o líder, por sua sugestão visitei o Lar de Crianças e percebi a dimensão da sua obra, compreendi que por trás da fachada dura se resguardava uma pessoa meiga e profundamente preocupada com a desgraça social que é o abandono e a exclusão infantil.Em meados de Janeiro estive em Revelhe falei com um homem já profundamente abatido e dobrado pela doença. Senti aquela expressão de véspera que nunca se diz, mas que se pressente, que se expressa num abraço e num rosto onde os traços são de cansaço. Admirei sempre o modo como durante anos o Padre Flores travou a sua luta contra a morte, a maneira delicada de responder que ‘Estou bem, isto passa!’ e deixar um sorriso espantar as nuvens negras de um destino que seguramente o oprimiu nos últimos anos da sua vida.Inequivocamente é um exemplo de esforço e dedicação a Fafe. Como sempre acontece com homens de fibra, muitos terão as suas queixas (ou queixumes) relativamente ao temperamento do seu carácter, mas não deixarão de concordar que no miolo da sua personalidade existe um construtor, um poeta, um líder e um amigo, homem de palavra como poucos, pessoa que se perfilará como uma mente prática e cujo trabalho efectivo se repercute na vida de milhares de jovens, a quem foi dado outro destino, digamos outro rumo, a partir de áridos princípios, mas firmes e profundamente verdadeiros.
in: João Ricardo Lopes, blog Dias Desiguais

Afectos: Mulheres

A editora Labirinto assinala o Dia Internacional da Mulher, no próximo 8 de Março, com a edição de uma antologia poética.Trata-se de um volume intitulado Mulher da colecção Afectos pequenos formatos, onde se reúnem 19 poemas inéditos de poetas contemporâneos: António Ramos Rosa, António Salvado, Artur F. Coimbra, Carlos Vaz, Casimiro de Brito, daniel gonçalves, Gisela Ramos Rosa, Gonçalo Salvado, Isabel Wolmar, Isaac Pereira, Joana Rua, João Ricardo Lopes, Juliana Miranda, Laura Cesana, Maria João Fernandes, Maria do Sameiro Barroso, Maria Teresa Dias Furtado, Maria Teresa Horta e Pompeu Miguel Martins.A antologia conta igualmente com trabalhos gráficos dos artistas Ângela Mendes Ferreira, João Artur Pinto, Júlio Cunha, Manuela Justino e Nuno Canelas.No prefácio do segundo livro de pequeno formato da colecção Afectos, sublinha-se: "Um cântico à mulher, o reconhecimento de tudo quanto nela é partilha sublime ou generosa inspiração. Mais do que não esquecer, importa lembrar a importância do feminino na poesia, este e todos os outros gestos que nele se abrigam".João Artur Pinto, presidente da Labirinto, acentua que este é mais um esforço da editora, no sentido de alicerçar e levar mais longe o seu papel editorial, de lembrar e celebrar a arte poética, evocando a importância e a função da Mulher na sociedade contemporânea.

Quem sou eu

Blog da editora labirinto: edições, livros, autores, notícias, novidades.